sábado, 27 de março de 2010

Poema ao Inconsolável

Se fosse mentira o que sinto,
Não escrevia o que digo,
Rasgava o que dizia do peito até à boca,
e enterrava na terra o que pensava que diria.

Há sensações que doiem e queimam ao terem nome,
Umas porque sabemos como as são outras porque não as temos.
Umas porque já as tivemos, mas mesmo assim teimamos insistentemente
em tê-las perto de nós, como a amar uma doença que não temos
mas que sabe tão bem ter uma droga tão perto
aconchegando a dor de um rosto desfeito,
de uma pele enrugada,
de um coração que bate por bater,
Ora de saudade, ora de frio.
Sem saber meio como nem porquê.

É a merda de estar doente e não saber o que fazer.
É a palavra que não saí e deixa sair o que não sente.
É a mão que não sabe o que há-de escrever mas que a mente não mente.
É a vida que dói e não passa.
Nem para trás, nem para a frente.
Estagna.
E a vida, estupidifica.

2 comentários:

Bolinha Vermelha disse...

Muito agradável de ler =D

Bolinha Vermelha disse...

Muito obrigada pelo comment, também hei-de passar por aqui frequentemente... Com todo o gosto =)