quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Aborrece-me...

Aborrece-me ficar em casa sem nada para fazer,
Sem ninguém com quem discutir,
Sem nada para ouvir o que queria ouvir.
Sem um programa que me interesse ver,
Sem ter nada para escrever, ou sobre o que escrever.
Principalmente, aborrece-me saber que as pessoas têm razão,
quando dizem que a escrever prosa é muito melhor que a poesia.
Não me chateio, mas aborrece-me porque têm razão. Tens razão.
Aborrece-me perder, o que imaginava ganho.
Aborrece-me ganhar sem saber disfrutar o que ganhei.
Aborrece-me saber que sei muito. Mas o que sei...de nada vale.
Aborrece-me fazer coisas que não sei, aborrece-me porque não as sei. Devia.
Aborrece-me muita coisa...
Aborrece-me, mas já não vou falar nisso. Fica para um outro dia. Para uma outra história.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

domingo, 19 de outubro de 2008

Um dia na cidade...

Há histórias que contadas, ninguém acredita.
Já vinha a sair de um lache bem regado quando na rua por onde seguia, o dia ia acabar por ter contornos bem diferentes do final de um dia-a-dia que tantas vezes lhe vi o rosto, os sinais de cansaço de uma cidade onde a velhice é permanente e os momentos de jovialidade já são poucos. Não esperava que de um momento para o outro, o dia se transformasse totalmente. Munido de mp3, de olhos postos na rua e no tempo que fazia, completamente deslocado para outro mundo, o mundo dos sons, fosse interrompido para um outro mais real. Um homem atravessa-se à minha frente, correndo que nem um louco e uma mulher, uma senhora, já com os seus 65 anos, mais coisa menos coisa. "Apanhe-o que é ladrão!" gritou-me ela. "Levou-me a carteira com as chaves de casa". E eu, pensei para comigo, "E agora? Tenho de ir atrás dele?". Num instante, o mp3 foi p'ró bolso das calças, e toca a correr mais rápido que uma bala, mais rápido que um sprint do Cristiano Ronaldo, e corri o mais que pude para o apanhar. Apanhei-o. Estafado, suando, irritado, e isto tudo por causa de uma carteira com uma meia dúzia de notas e umas chaves de casa. Um pobre coitado. Levou com uma sova moral monumental, que nem as pessoas que foram comigo, também para o apanhar, disseram alguma coisa.
Revistei-o, levei-o à "vítima" para lhe pedir desculpa, chamaram as autoridades e logo desapareci. O assunto estava encerrado. O lanche já tinha desaparecido, o corpo a pedir descanso e um banho. A fome, apareceu. De novo.

P.S. - Soube há pouco tempo que tinha passado a noite na esquadra. No dia seguinte, foi presente a tribunal, e o juíz libertou-o. Está a termo de identidade e residência.
Ainda não o vi, nem espero vê-lo tão cedo. Mas...cá estarei. E ele, também.

domingo, 12 de outubro de 2008

"Sexual Healing"

Ser celíaco...

E porque há blogues e blogues. Este, é especial.
Feito com pessoas especiais, para pessoas especiais. Especiais porque são celíacos, isto é, são pessoas com necessidades especiais. São intolerantes ao glúten.
Não podem consumir uma variedade de alimentos que muitas das vezes não damos a devida importância, porque na sua composição contêm glúten.
É um blog que trata de todos os assuntos sobre as necessidades dos celíacos e que informa também todos aqueles que quiserem saber um pouco mais sobre esta realidade de muitos celíacos em Portugal.
Por isso...não percam pitada sobre este novíssimo espaço na blogosfera.
Visitem. Sem espiga

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Da Ponte...

Quando olho da ponte para a frente, lembro-me de ti. Lembro-me dos beijos que trocámos cumplicemente, dos afectos tornados únicos, das bocas desejando que o tempo parasse, e que aquele momento se eternizasse para toda a vida. Lembro-me, como se fosse hoje. Lembro-me porque não tiro da frente a fotografia que tirámos juntos nesse dia. Quis o dia acabar mais cedo, a noite mais cerrada. Quis as horas serem dias, os dias em anos. A fotografia nunca a tirei. Quis tirar tudo de mim o quanto de ti havia. Mas nem tudo consegui tirar. Esta lembrança, não consigo.
Queria poder tirar, saber tirar, mas não consigo. Não sei se consigo.
O tempo é tão relativo, para uns são apenas dias, para outros nem isso…
Para mim, tu já me conheces, levo sempre muito tempo, demasiado tempo, tu sabes.
Não é fácil esquecer quem amamos, como eu te amei dessa ponte, nesse encontro…o último antes do fim…
Só cometi um erro, apenas um. Fatal.Ter-te beijado, ter gostado, e ter querido mais.
Ter caído no teu doce veneno, vivendo amarrado a ti, como uma aranha amarra uma presa. Enleado nas teias, sem se preocupar com o futuro. Mas juro, juro que não me preocupava. Vivia do amor que por ti sentia.
Sempre que olho da ponte, lembro-me desse dia. Dos teus beijos, das tuas carícias, do teu cheiro, da tua pele, dos teus cabelos, do teu sorriso…
De tudo a que a ti pertencia.
Tinha te beijado nessa mesma ponte, num final de tarde. O sol já raiava.
Beijei-te e beijei-te o quanto pude, enquanto o sol me deixou, enquanto a noite não chegava. Enquanto não partias.
Nunca mais me esqueci. Abraçaste-me tão intensamente, que ainda hoje me recordo.
Foste a única mulher, que amei em cima de uma ponte.

Dedicado a uma amiga, a quem tinha prometido uma prosa.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

À espera...

Há um quadro à espera...

Há um quadro à espera de ser pintado.
Há um quadro à espera de ser preenchido.

Há um quadro à espera de ser completado.
Há um quadro à espera de ser montado.

Há um quadro à espera de ser mexido.
Há um quadro à espera de ser vendido.

Há um quadro à espera de ser explicado.
Há um quadro à espera de ser roubado.

Há um quadro à espera de ser pretendido.
Há um quadro à espera de ser colorido.

Há um quadro à espera de ser acinzentado.
Há um quadro à espera de ser invejado.

Há um quadro à espera de ser avaliado.
Há um quadro à espera de ser apreciado.

Há um quadro à espera de ser nascido.
Há um quadro à espera de ser renascido.

Há um quadro à espera de ser vivido.
Há um quadro à espera de ser socorrido.

Há um quadro à espera de ser socorrido.
Há um quadro à espera de ser mantido.

Há um quadro à espera de ser levado.
Há um quadro à espera de ser falado.

Há um quadro à espera do seu destino.
Há um quadro à espera do seu menino.

Há um quadro à espera de ser amado.
Há um quadro à espera de ser odiado.

Há um quadro à espera de ser usado.
Há um quadro à espera de ser mendigado.

Há um quadro à espera de ser exportado.
Há um quadro à espera de ser importado.

Há um quadro à espera de ser verdade.
Há um quadro à espera de ser mentira.

Há um quadro, à espera de ser,
o que ainda não foi...